sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Terra Vermelha: Uma realidade esquecida pela mídia brasileira

“Terra Vermelha” é um filme de ficção baseado na realidade vivida pelos índios Guaraní-Kaiowá. Lançado em 2008 e dirigido por Marco Bechis. Boa parte dos atores que compõem o elenco são membros reais da tribo.

O filme se inicia com o suicídio de duas jovens garotas pertencente ao grupo, atitude frequente ao longo da trama. Os Guarani-Kaiowá possui as taxas mais altas de suicídio do mundo. Encontrados em uma situação em que sua cultura foi alterada pelo mundo moderno, mas não se veem pertencentes do estilo de vida dos homens brancos; jovens índios vivem um forte conflito de identidade e optam pela morte como forma de libertação. 

A trama gira em torno de uma tribo que passa a morar na beira da estrada próxima a sua antiga tekoha, que ao presente momento era pertencente a um latifundiário que destruíra boa parte de sua mata para o cultivo. Eles buscam o retorno as suas terras ancestrais para que possam voltar a seus ideais de origem e veem isso como uma solução para o suicídio. Na cena em que Nádio (Ambrósio Vilhalva) come a terra, ele mostra que a relação dos índios com ela não é de posse, como é o caso do fazendeiro, mas que ela é parte deles. 

Ao perder suas terras para o Estado em 1940 e ficar longe de seus tehoka, os índios passam a depender do sistema capitalista para sobreviver e são explorados por grandes fazendeiros que pagam pouco pelo seu trabalho. Em diversos momentos no decorrer do filme, Dimas (Matheus Nachtergaele) busca mão-de-obra indígena a pedido de donos de terras.
Na busca pelo retorno de seus costumes, um xamã passa a ensinar um jovem do grupo seus conhecimentos. Sua fé é posta a prova em diversos momentos, como quando Maria (Fabiane Pereira da Silva) tenta seduzi-lo com seu corpo e com seus bens. No final do filme, ao fingir um suicídio, o jovem xamã mostra que não fora vencido pelas luxúrias do capitalismo.
Uma triste consequência da resistência dos índios, foi o assassinato do chefe da tribo. A luta pelas terras indígenas são uma realidade até os dias de hoje, onde homens brancos se veem donos dela por direito econômico e os índios por direito cultural. Segundo a lei CF 1988, os indígenas tem o direito a suas terras tradicionais-originarias, mas muitos ainda vivem na beira do asfalto esperando que tal lei “saia do papel”. 

O filme consegue mostrar o drama tão triste vivido pelos índios brasileiro com humor em algumas cenas, o que o torna envolvente sem deixá-lo cansativo. A mídia jornalística brasileira pouco aborda as questões dos indígenas, o que cria uma carência intelectual na população sobre tais problemas. A abordagem inteligente sobre o assunto na trama ajuda a fazer com que os telespectadores conheçam e compreendam essa realidade.

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