segunda-feira, 4 de julho de 2016

A burocracia em "O Diabo Veste Prada"



O Diabo Veste Prada foi uma adaptação cinematográfica do “bestseller” literário de Lauren Weisberger que possui o mesmo título. Com uma boa recepção da crítica, concedeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz na categoria Comédia/Musical e indicação ao Oscar de Melhor Atriz à Meryl Streep. A obra concorreu também ao Oscar de melhor figurino. 

O filme conta a história de Andréa “Andy” Sanchs (Anne Hathaway), uma jornalista que está entrando no mercado de trabalho. A personagem, devido a bons artigos já publicados e profissionalismo, consegue emprego na revista Runway, a maior revista de moda de Nova York. Embora a ideologia da marca não interessasse a Andy, ela aceitou a vaga, pois sabia que essa experiência acrescentaria muito em seu currículo.

Na empresa ela ocupou o cargo de segunda secretária de Miranda Priestly (Maryl Streep), a poderosa editora chefa da revista. No decorrer da longa é exposto o ambiente burocrático da organização, como horários bem definidos, rotina, regulamento fixo e formalidade. Na Runway a hierarquia e as responsabilidades são bem claras e a autoridade de Miranda é absoluta e sem questionamentos.

A personagem representada por Maryl Streep sempre faz questão de mostrar o seu poder e a insignificância dos outros membros da revista perante ela. Exigências absurdas, como quando exige que Andy consiga o manuscrito de Harry Potter para suas filhas, são uma forma de mostrar a secretária que ela está no topo da hierarquia e deve ser obedecida. Em diversas cenas a chefa abusava da plutocracia, como quando colocava Andy para fazer os trabalhos escolares de suas filhas. As atividades regulares, código de normas e regras de comportamento é bem exposta nas diversas situações cotidianas da empresa, como, por exemplo, a chegada da editora no escritório e a recepção excessivamente formal dada a ela, sempre colocando sua bolsa e casaco nos lugares já pré-definidos.

Para se adequar aos padrões da empresa e obter mais respeito dos colegas de trabalho, Andy pede ajuda a Nigel (Stanley Tucci) para mudar o seu estilo. Deixando de lado a sua personalidade e suas convicções, a secretária veste a camisa da empresa para permanecer “no jogo”. Mesmo que isso custasse a sua própria identidade e tivesse que passar por cima de alguns amigos. A personagem se entrega a um dos excessos comuns da burocracia: a padronização.

Com uma aparência dentro dos padrões, mais autoconfiança e eficiência; Andréa chamou a atenção de Miranda, que a promoveu e a escolheu para ir a grande Semana da Moda de Paris. Mesmo sabendo que esse era o sonho de Emily (Emily Blunt), sua amiga de trabalho que se dedicou muito para tentar essa oportunidade, Andy passa por cima dos princípios da ética e vai para Paris com a sua chefa.

Em Paris, Miranda comenta que vê muito de si mesma em Andy, mas a editora é uma pessoa egoísta, infeliz e odiada. Triste por receber tal comparação, a jornalista revê os seus conceitos e as suas atitudes desde que entrou para a empresa. Andréa, então, se vê uma garota superficial, competitiva e nota que colocou o trabalho como prioridade em sua vida, o que afastou seus amigos e seu namorado. Então ela pede demissão, busca novamente ser a jovem que era antes de entrar na empresa e consegue emprego como repórter no jornal New Yorker, onde ela passa a desempenhar o trabalho que sempre sonhou.

É de fato uma obra excelente! Consegue mostrar com bom humor o cotidiano de uma empresa regida pelo sistema burocrata e expõe uma interessante reflexão sobre até que ponto deve-se ir pelo trabalho. Com uma bela fotografia e luxuosas escolhas de figurinos, “O Diabo Veste Prada” envolve o espectador até o final e serve como material de estudo para diversas áreas do ambiente acadêmico.

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